A qualidade de água é um conceito relativo que depende diretamente do uso da mesma:
a) usada para beber;
b) irrigar campos;
c) transportar mercadorias;
d) favorecer a vida dos peixes;
e) manter o ecossistema com todas as suas características funcionais.
Consequentemente, neste contexto, o sistema de avaliação da qualidade será diferente. Para que se faça uma avaliação é necessário seguir os seguintes critérios:
i) as concentrações, espécies e tipos de substâncias orgânicas e inorgânicas presentes na água;
ii) a composição e o estado da biota aquática;
iii) as mudanças temporais e espaciais que se produzem devido aos fatores intrínsecos e externos ao sistema aquático em estudo. Esta definição ampla só tem sentido quando queremos avaliar a qualidade ecossistêmica do meio, o que significa que o objetivo será manter todo o ecossistema de estudo com seus componentes e sua funcionalidade (PRAT & WARD, 1997).
As propriedades das populações e dos fatores bióticos e abióticos que atuam em um certo lugar (sistema parcial da biosfera) representam uma das principais características da descrição de um ecossistema. A qualidade do hábitat é um dos fatores mais importantes no sucesso de colonização e estabelecimento das comunidades biológicas em ambientes lênticos ou lóticos. A flora e a fauna presentes em um sistema aquático são também influenciadas pelo ambiente físico do corpo d’água (geomorfologia, velocidade de corrente, vazão, tipo de substrato, tempo de retenção). Estando a situação de um corpo de água estreitamente relacionada às atividades humanas realizadas à sua volta, o primeiro o para a compreensão de como as comunidades de macroinvertebrados bentônicos estão reagindo à alteração da qualidade de água é identificar quais variáveis físicas, químicas e biológicas estão afetando os organismos (MARQUES, FERREIRA & BARBOSA, 1999).

Os macroinvertebrados constituem uma importante fonte alimentar para os peixes, são valiosos indicadores da degradação ambiental, além de influenciarem na ciclagem de nutrientes, na produtividade primária e na decomposição (WALLACE & WEBSTER, 1996). Estes organismos habitam o substrato de fundo (sedimentos, detritos, troncos, macrófitas aquáticas, algas filamentosas e etc) de hábitat de água doce, em pelo menos uma fase de seu ciclo vital e são retidos por tamanho de malha de 200 a 500 micrômeros (LOYOLA, 1994).
Os invertebrados compreendem o maior número de indivíduos, espécies e biomasa em quaisquer ambientes dulcícolas, entre estes destacam-se em especial os insetos, que dominam os sistemas de água doce, quer sob o ponto de vista numérico, como sob a questão relativa a diversidade podendo ser ultraados apenas pelos nemátodos em termos numéricos e de biomassa. Os crustáceos e moluscos podem ser abundantes, mas raramente apresentam-se em grande diversidade (GULLAM & CRANSTON, 1996).
Os macroinvertebrados são representados por vários grupos taxonômicos, como – Platyhelminthes, Annelida, Crustacea, Mollusca, Insecta, sendo este último, o mais diversificado e abundante.
Os principais fatores que levam os pesquisadores a utilizarem os macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores, são:
a) o tamanho relativamente grande, sendo visíveis a olho nu;
b) a coleta destes organismos não é difícil e existem técnicas de amostragem estandardizadas que não requerem equipamentos caros;
c) alguns organismos apresentam ciclos de desenvolvimento suficientemente longos, o que lhes faz permanecer nos cursos de água o tempo suficiente para detectar alterações na qualidade da água, facilitando o exame das mudanças temporais, integrando os efeitos da exposição prolongada por descargas intermitentes ou concentrações variáveis de poluentes e permitindo maior intervalo nas amostragens;
d) a grande abundância e diversidade de organismos, há uma infinita gama de tolerância a diferentes parâmetros de contaminação;
e) o fato de estarem intimamente associados ao substrato, os deixa expostos à ações de alterações ambientais;
f) apresentam uma vantagem de refletir as condições existentes antes da coleta de amostras, enquanto que os métodos tradicionais oferecem somente a característica da água do momento da coleta;
g) representam uma somatória de fatores ambientais presentes e ados e funcionam como uma “memória” da qualidade da água de um corpo d’água;
h) uma considerável desvantagem é o fato de existir muitos representantes de macroinvertebrados de diversos grupos taxonômicos, surgindo problemas relativos à identificação dos organismos, sendo muitas vezes impossível chegar no nível de espécie (LOYOLA & BRUNKOW, 1998).
Principais respresentantes dos Macroinvertebrados Aquáticos:
Filo | Ordem | Família |
Platyhelminthes | Planaridae | |
Temnocephaliidae | ||
Annelida | Oligochaeta | |
Hirudinea | ||
Mollusca | Gastropoda | Planorbidae |
Ancylidae | ||
Lymnaeidae | ||
Bivalve | Mycetopodidae | |
Crustacea | Trichodactylidae | |
Aeglidae | ||
Hyallelidae | ||
Insecta | Ephemeroptera | Baetidae |
Leptophlebiidae | ||
Odonata | Libellulidae | |
Gomphidae | ||
Aeshnidae | ||
Coenagrionidae | ||
Plecoptera | Perlidae | |
Neuroptera | Corydalidae | |
Hemiptera | Belostomatidae | |
Naucoridae | ||
Notonectidae | ||
Veliidae | ||
Gerridae | ||
Coleoptera | Ditiscidae | |
Gyrinidae | ||
Hydrophilidae | ||
Elmidae | ||
Psephenidae | ||
Lampiridae | ||
Trichoptera | Heliocopsychidae | |
Hydropsychidae | ||
Leptoceridae | ||
Hidrobiosidae | ||
Lepidoptera | Pyralidae | |
Diptera | Tipulidae | |
Culicidae | ||
Ceratopogonidae | ||
Chironomidae | ||
Tabanidae | ||
Muscidae |
Fonte da Tabela: ROLDÁN-PÉREZ, 1988
Referências Bibliográficas:
CALLISTO, M.; MORETTI, M. & GOULART, M. Macroinvertebrados Bentônicos como Ferramentas para Avaliar a Saúde de Riachos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos. Volume 6 n.° 1, jan/ mar 2001, 71-82.4.
GULLAN, P. J. & CRANSTON, P. S. The insects: an cutline of entomology. London: Chapmam & Hall, 1996. 113p.
LOYOLA, R. G. N.. Contribuição ao Estudo dos Macroinvertebrados Bentônicos em Afluentes da Margem Esquerda do Reservatório de Itaipu. Curitiba, 1994. 300p. Tese (Doutorado em Zoologia) Curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Universidade Federal do Paraná.
LOYOLA, R. G. N. & BRUNKOW, R. F. Monitoramento da qualidade das águas de efluentes da margem esquerda do Reservatório de Itaipu, Paraná, Brasil, através da análise combinada de variáveis físico-químicas, bacteriológicas e de macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores – Novembro de 1998. Curitiba, IAP. Relatório Técnico Não Publicado, 39p.
MARQUES, M. G. S. M., FERREIRA, R. L. & BARBOSA, F. A. R.. A comunidade de Macroinvertebrados Aquáticos e características LImnológicas das Lagoas Carioca e da Barra, Parque Estadual do Rio Doce, MG. Revista Brasileira de Biologia, 1999, Vol. 59 (2): 203-210.
PRAT, N. & WARD, J. V.. The Tamed River. P: 219-263. 1997.
ROLDÁN – PÉREZ, G. 1988. Guía par el estudio de los macroinvertebrados acuáticos del Departamento de Antioquia.Bogotá, Editorial Presença. 217 p.
WALLACE, J. B. & WEBSTER, J. R. The role of macroinvertebrates in stream ecosystem function annual review of entomology, v 41:115-139p.1996.
Ver Referências Bibliográficas do texto.